segunda-feira, 26 de março de 2012

Gare do Oriente

Globalização

Há uma mulher brasileira que penso ainda não terá quarenta anos , por quem tenho muita simpatia e admiração. É funcionária num dos raros cafés da Gare do Oriente, que dá para a rua, mais precisamente para a praça de táxis.
Soube hoje, não em jeito de queixa, que abre a loja às seis e meia, e a encerra às vinte. Partindo do princípio que não pernoite por ali, poder-se-á inferir o tempo que lhe sobra para descansar, porque só folga ao domingo.
Tem sempre um ar impecável, muito despretensioso, e um sorriso que lhe confere beleza e lhe irradia o rosto.
As poucas conversas que lhe ouvi são inteligentes e tanto quanto me apercebi, percorreu meio mundo até se radicar por aqui.
É este tipo de gente construtiva, que apesar das poucas oportunidades que lhes dão constroem com dignidade e que são tão livres que de repente tanto podem estar por aqui , como por ali, que escapa, ao poder político, a uma forma de pensar que as realidades são estanques e que os seres são manipuláveis.
Cada vez há-de haver mais gente que não tem nada a perder, e talvez seja por isso que as civilizações se perdem.

1 comentário:

mfc disse...

Isso é escravidão pura!!